Naturalizados e naturalizados


(Foto: Record. Já imaginaram duas camisolas de Portugal nesta imagem?)

Já ouvimos tanto daqui e dali sobre este assunto. A favor e contra. Se alguém escolhe um país para continuar a sua vida e a sua profissão e o anterior o renega, poderemos cair em cima de alguém por escolher quem o trata bem?
Tudo isto sobre Pedro Pablo Pichardo poder ser naturalizado português em 2018, uma vez que o Benfica está a propor essa via burocrática para o atletas poder competir nas grandes competições. Já li muito sobre tanta coisa que a minha opinião se foi transformando por isto ou por aquilo. Mas houve uma altura que convivi com pessoas, atletas, que escolheram viver cá, porque aqui foram bem acolhidos, e a minha convicção é de que os naturalizados que nos representam estão a agradecer o que o país, no caso Portugal, também fez por eles. E os que conheci foram à selecção.
Se já temos este ou aquele atleta para esta disciplina e isso estraga a modalidade ou não, prefiro olhar por outro prisma. Já imaginaram o que seria ter dois portugueses (ambos naturalizados, em circunstâncias diversas é verdade) no pódio de um Europeu e a lutar por medalhas num mundial?
Viram o que foi, o orgulho nacional, de ter duas atletas finalistas no triplo olímpico?
Mas olhemos um pouco para a nossa história e tomemos um pequeno paralelismo com outras realidades. Os feitos de Carlos Lopes e Rosa Mota provocaram uma maior procura pela corrida e pelo atletismo. Aumentou-se a visibilidade da modalidade e isso foi crucial para a sua expansão, traduzível na quantidade de medalhas internacionais conseguidas depois.
Mais tarde tivemos um atleta naturalizado, Francis Obikwelu (chegado com 18 anos, Pichardo é um pouco mais velho), que também obteve medalhas, se integrou na sociedade e conseguiu ser modelo para um aumento de interessados na velocidade. Nos saltos, aconteceu o mesmo com Naide Gomes (também naturalizada, tendo chegado a ser olímpica – Sydney 2000 – por São Tomé).
Nós somos um país com muita emigração e imigração. Muitos dos nossos compatriotas noutros países veem os seus filhos representarem o país de acolhimento, em detrimento do seu próprio, mas isso é natural. O mesmo se passa por cá. Temos muitos imigrantes de segunda geração que já são portugueses. Veja-se o caso de Tsanko Arnaudov, por exemplo. Em Portugal desde pequenino, está a representar-nos nas competições mais importantes.
No geral, as naturalizações têm sido benéficas para o atletismo.

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