Números pouco redondos em Belgrado...

Como “falhei” na hora a última jornada dos Europeus de Pista Coberta, venho agora abordar as jornadas de Belgrado num outro prisma, podendo mesmo repetir uma ou outra curiosidade. E vou fazê-lo por números, começando pelo básico 1, 2 e 3, mas depois será completamente aleatório.


1 – A Albânia conseguiu a sua primeira medalha de sempre no atletismo. E não deixa de ser irónico que tenha sido precisamente na Sérvia, onde os conflitos armados com os albaneses são recordados e até mesmo pelos conflitos como o drone no jogo de futebol entre a Sérvia e a Croácia. Foi no salto em comprimento por Izmir Smajlaj, que saltou 8,08 (o segundo fez a mesma marca e terceiro ficou a um centímetro!)
2 – Há 23 anos que tal não se vi: um triplo-saltador conseguir o título em duas edições consecutivas de Europeus. E o feito foi conseguido pelo português Nelson Évora, com um salto de 17,20 metros, para revalidar o título que tinha obtido em 2015. Anteriormente tinha conseguido esse feito o russo Leonid Voloshin.
4 – Foram as melhores marcas mundiais do ano conseguias nestes campeonatos. Foram obtidas por Nafisssatou Thiam, da Bélgica, no pentatlo (4870 pontos, prova conde conseguiu a melhor marca de sempre no salto em altura – 1,96 – em campeonatos europeus, na disciplina); Anita Marton, da Hungria, no peso (19,28m); Max Hess, da Alemanha, no triplo-salto (17,52, na qualificação; viria a ser terceiro na final); Ivana Spanovic, comprimento (ver 7,24). Foram obtidas sete melhores marcas europeias do ano nos 60 metros (masculinos e femininos), no comprimento masculino (qualificação), triplo salto feminino, salto em altura e salto com vara femininos.
6 – Nesta matéria de repetições, o checo Pavel Maslak conquistou seis medalhas nas três últimas edições: tri-campeão de 400 metros (com melhor marca europeia do ano) e três vezes medalha de bronze na estafeta de 4x400 metros. É o único atleta masculino a conseguir este feito. O polaco Adam Kszczot é tri-campeão em 800 metros, mas não o foi consecutivamente (2011, 2013, 2017).
7 – Com o título europeu conseguido com o salto de 17,20 metros, Nelson Évora já conquistou 7 medalhas para Portugal no triplo-salto. Quatro de ouro (J. Olímpicos 2008; Mundial 2007; Europeu de Pista Coberta 2005 e 2017); uma de prata (Mundial 2009) e duas de bronze (Mundial 2015 e Mundial de pista coberta 2008).
7,24 – Foi quanto saltou a estrela sérvia Ivana Spanovic, dando ao país anfitrião dos Europeus a única medalha (e logo a de ouro!) na sua própria obra. Melhor marca mundial do ano, sendo que a anterior já era dela quando saltou 7,03 na qualificação!
10 – Uma dezena de portugueses estiveram presentes em Belgrado. Nalguns destes parágrafos falamos de três deles, resta resumir aqui (e dar notas!) a prestação total. Assim, Nelson Évora (20), conseguiu a medalha de ouro no triplo, e Patrícia Mamona (19) ganhou a prata na mesma disciplina. Tsanko Arnaudov (17) ficou à beira do pódio, com recorde nacional, e tanto Susansa Costa (15) como Lecabela Quaresma (15) cumpriram bem. No lançamento do peso, Francsico Belo (14) cumpriu,, tal como Ancuian Lopes (14) que conseguiu chegar à meia final dos 60 metros onde bateu o recorde pessoal, e Lorene Bazolo (12) também chegou à meia-final da mesma distância, mas aí não se libertou do percalço com a falsa partida, que não fez. Emanuel Rolim (12) foi o primeiro dos não apurados nos 1500 metros e Marcos Chuva (0), não teve prestação ao seu nivel.
12 – À dúzia é mais barato! Foi o número de medalhas conseguido pela Polónia, país que está no topo do medalheiro. Foram sete de ouro, uma de prata e quatro de bronze. Depois ficaram Grã-Bretanha, com 10 (5-4-1), Alemanha, 9 (2-2-5), França, 3 (2-1-0), República Checa, 7 (1-2-4), Espanha, 4 (1-2-1), Grécia, 3 (1-1-1), Bélgica e Portugal, 2 (1-1-0) Curiosamente, Portugal ficou em 11º lugar na tabela da pontuação com 24 pontos (lidera a Polónia, com 103 pontos, os mesmos da grã-Bretanha, e a Alemanha somou 100).
► 14,32 – O salto com que Patrícia Mamona chegou à medalha de prata no triplo. Foi uma série com um nulo (4º ensaio) e cinco saltos acima de 14 metros (14,24-14,25-14,29-X-14,32-14,01), sendo que três deles chegariam para a prata.
17,20 – Curiosamente, a marca que viria a dar na final o título no triplo-salto para o português Nelson Évora, foi conseguida também na qualificação, mas pelo jovem francês Raffin Melvin, que com esses 17,20 conseguiu um recorde mundial junior na disciplina em pista coberta!
21,08 – E que dizer deste “tiro” de Tsanko Arnaudov na mesma final do peso em que conseguiu o quarto lugar? O medalha de bronze nos europeus ao ar livre conseguiu um recorde de Portugal absoluto, melhorando em três centímetros o anterior recorde. É obra. Uma nota para Francisco Belo que também esteve nos Europeus e lançou 19,55 metros.
21,97 – A “pedrada” de Konrad Bukowiecki, o polaco campeão Europeu de lançamento do peso. Com 20 anos, depois de dois títulos mundiais de junior, e recordista mundial da categoria, no seu primeiro ano de sénior bate o recorde europeu sub23!
32 – Anos. Tinha 32 anos o recorde dos campeonatos dos 1.500 metros femininos. Era de Doina Melinte (4.02,54) desde 1985. Foi batido na tarde de sábado pela britânica Laura Muir (4.02,39), que se tinha apurado na véspera, nesta distância, à tarde, depois de se ter apurado para a final dos 3000 metros durante a manhã. No último dia, venceu a final dos 3000 metros em 8.35,67 e retirou a portuguesa Fernanda Ribeiro do quadro dos recordes da prova, que tinha feito 8.39,49 em 1996.
40 – A proveta idade (desde Agosto do ano passado) do italiano Fabrizio Donato, que se tornou o mais velho de sempre a atingir uma medalha (o “recorde” anterior já lhe pertencia com 34 anos, em 2011); o mais velho finalista e mais velhor competidor de sempre no triplo-salto (o anterior era Karl Taillepierre, que em 2013 tinha 36 anos!). Já agora, o mais velho medalhado em todas as disciplinas é o jugoslavo Ivan Ivancic, do lançamento do peso, que obteve uma medalha em 1983 (tinha 45 anos!), sendo também o mais velho finalista e mais velho competidor com 46 anos em 1984. Curiosamente, recordei-me deste nome, Ivancic esteve em Lisboa em 1985 (47 anos!, portanto), no meeting da AAL, e lançou então 18,44 metros, derrotando Mário Pinto, então no CIPA, que lançou 15,89. Tem uma história engraçada que envolve casa de fados e wc... Qualquer dia sai esta história...
6479 – Último número. Mas muito significativo. Foi o único recorde Europeu conseguido em Belgrado. Foi o total da pontuação conseguida pelo francês Kevin Mayer no heptatlo. Retirou das listas o nome sagrado do checo Roman Sebrle que em 2004, no mundial de pista coberta, somara 6438 pontos.





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