Os crosses e os critérios de selecção…

(foto: António Manuel Fernandes)


Este fim-de-semana, haverá atletas portugueses em crosses internacionais. Na Holanda, em Tilburg, crosse escolhido para receber o Europeu de Corta-mato de 2018, estarão os dois campeões nacionais da especialidade em 2017, os benfiquistas Rui Pinto, campeão de crosse longo, e Samuel Barata, campeão de crosse curto, primeiro e segundo classificados no Crosse de Amora, no Seixal, acompanhados dos colegas de equipa Eduardo Mbengani e Silvana Dias.
Em Espanha, estarão mais portugueses em Alcobendas terra do conhecido “Cross de la Constitución - Memorial Antonio Rodriguez Benavente”, nome que muitos dos mais velhos reconhecerão pelas presenças portuguesas no passado recheadas de valor, como o atestam os nomes que reproduzimos dos nossos compatriotas que ali tiveram sucesso e deixaram marcas na comunidade.

Ano
Masculinos
Femininos
1984
Manuel Matias (POR)

1985
João Campos (POR)

1986
Manuel Matias (POR)

1987

Conceição Ferreira (POR)
1988
Domingos Castro (POR)

1989
Carlos Monteiro (POR)
Ana Moreira (POR)
1990

Albertina Dias (POR)
1993

Conceição Ferreira (POR)
1996

Albertina Dias (POR)
2010

Mónica Rosa (POR)

Voltamos a ele, ao crosse, para dar conta de que vários atletas portugueses lá estarão a competir, principalmente os selecionados para representar Portugal no Europeu de Samorim, na Eslováquia, que se realizará no dia 10 de Dezembro.

Momento decisivo da selecção de Espanha

Este crosse espanhol será o momento mais importante para a definição da selecção espanhola, cujos critérios de selecção estavam estruturados da seguinte forma: os campeões nacionais de 2017 estavam pré-seleccionados, caso mostrassem capacidade e apuro de forma para representar condignamente o país; quatro das cinco vagas disponíveis serão ocupadas pelos quatro melhores atletas de uma ranking de pontuação acumulado pelas suas participações num ou mais dos três crosses de observação (sendo Alcobendas o momento de desempate); as duas restantes vagas atribuídas de acordo com o critério da Direcção Técnica.
Com este critério, os espanhóis estavam a “matar vários coelhos com uma só cajadada”. Vejamos: salvaguardaram os campeões de um processo de selecção “corrosivo”, embora tivessem que mostrar estar em condições; salvaguardavam os melhores atletas no final do período de selecção, dando oportunidade a que pudessem recuperar de um momento mau; deixavam sempre uma vaga para qualquer imponderável, até mesmo um atleta que só pudesse competir no estrangeiro; finalmente, valorizavam igualmente os três corta-matos de observação, “obrigando” as elites de cada escalão que quisessem competir no Europeu a participarem em, pelo menos, duas dessas provas.
Embora com mais articulado, a RFEA tinha ali colocado todas as hipóteses, limitando as críticas à sua base e abrindo uma janela para qualquer situação que pudesse ocorrer.

E Portugal…

Já o nosso país tem opções diferentes: cria três momentos de selecção, uma para cada escalão, mesmo que um deles tenha de mostrar qualidade um mês antes do Europeu, com praticamente um mês e meio de treino da nova época; não dá abertura prévia a qualquer situação, que arrasta depois alguma polémica, caso queiram promover a participação de algum atleta, como aconteceu com Marta Pen (que venceu um crosse em meados de Outubro e que no domingo passado foi terceira numa prova de 10 km, “Flanigan's Rockin' Rib 10K”, em Davie, Florida, terminando com com 33.56, atrás de Molly Seidel, com 33.03, e Lindsey Scherf, com 33.51); finalmente, ao escolher cada prova para cada fim, desvaloriza os outros escalões pelo meio.
Há muito que os espanhóis valorizam as suas provas “obrigando” os principais atletas a nelas competirem (não a todas, mas naquelas que melhor se enquadrem com a sua preparação), caso queiram continuar a usufruir de “becas” (os seus subsídios) e acesso às competições.
Nós temos que começar também a valorizar as nossas competições de corta-mato como elas são conhecidas, dando oportunidade a todas e a cada uma de poderem contar com nomes que possam atrair público e interesse mediático, como aconteceu em Amora (há muito que não víamos tantos espectadores) e não aconteceu em Torres Vedras (menos assistência que em anos anteriores), para falar naqueles a que pudemos assistir ao vivo.

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