Corta-Mato nos Olímpicos de Juvenis em 2018

(foto USATF)

Hoje, e só agora, não sou progressista na modalidade. Por defeito próprio. Durante anos a fio, ouvi de alguns dos melhores treinadores do Mundo, as vantagens do corta-mato na preparação de inverno dos melhores meio-fundistas. Habituei-me a ver a progressividade nas distâncias desde o início da época de corta-mato – Cross de Matos Velhos -, até ao seu epílogo, os Campeonatos de Portugal e, internacionalmente, os Campeonatos Mundiais.
Já foi difícil ver a colocação do Europeu de Cross no início de cada época (e continuo a achar que não faz sentido, deveria ser colocado mais para a frente na época) e dificílimo ver o mundial de dois em dois anos.
É verdade que vimos a pista coberta aumentar de importância e, consequentemente, tornar-se objectivo para muitos, o que não acontecia anteriormente, e isso tirou um pouco da ribalta o corta-mato, tal como a hegemonia dos países africanos nesta área.
Por isso, acho dececionante a decisão do Comité Olímpico colocar a prova de corta-mato nos Jogos Olímpicos de Juvenis na edição de 2018, em plena temporada de pista. Depois, a fórmula para os meio-fundistas, com a obrigatoriedade de disputarem uma prova de pista e outra de corta-mato para o vencedor ser considerado (o que tiver menor pontuação - com base em o vencedor ter um ponto, o segundo ter dois, o terceiro com três, e assim sucessivamente – no conjunto das duas provas em que participarem, sempre com o corta-mato incluído).
Se, e atendendo às palavras do presidente da IAAF, Sebastian Coe, «o corta-mato é o alicerce da preparação do meio-fundista», porque terá de ser colocado em competição exatamente na época alta de pista?
Esta decisão já foi tomada em 2015, e agora é que foi ratificada com a divulgação do programa desta competição, que se realizará em Buenos Aires (Argentina).
Será que teremos aqui um teste para a inclusão do corta-mato nos Jogos Olímpicos? E sendo assim, deverá ser colocado nos Jogos de Verão ou nos de Inverno? Questões que os países deveriam analisar com tempo.
E será o tempo a responder a estas questões, certamente.

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