120º aniversário da Maratona de Boston

(os vencedores em Boston)


No ano seguinte ao da primeira edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna, em Atenas, a cidade de Boston (Massachusets, Estados Unidos da América) realizou a sua primeira maratona. A mais antiga maratona do Mundo!
Este ano de 2017 marca o 120º aniversário da estreia da Maratona de Boston, uma das mais duras do Mundo, e conheceu um “bis” queniano, com os triunfos de Geoffrey Kirui (2.09.37), em homens, e Edna Kiplagat (2.21.52), em mulheres.
A corrida deste ano teve histórias diferentes. Nos homens, Kirui e o norte-americano Galen Rupp, que chegou em segundo lugar, passaram à meia maratona em 1.04.35 e o vencedor fez na segunda metade o tempo de 1.05.23, 21 segundos mais rápido que Rupp, que quebrou o andamento após a mítica (e terrível!) Heart Break Hill.
Se bem que o vencedor tenha sido Kirui, Rupp, atleta do grupo de Alberto Salazar (que venceu esta mesma maratona em 1982 (2.08.52), estava debaixo dos focos, esperando-se uma marca ainda melhor que a do seu treinador. Refira-se que na prova masculina, se classificaram seis norte-americanos nos dez primeiros lugares, destacando-se a presença do japonês Suguro Osako (2.10.28) no pódio, 30 anos depois de outro japonês, Toshihiko Seko, ali ter vencido pela segunda vez (a outra foi em 1981).

Kiplagat vencedora

A prova feminina foi diferente, já que a queniana Edna Kiplagat “fugiu” depois dos 30 km (entre os 30 e os 35 km “ganhou” 34 segundos a Rose Chelimo, que viria a ser a segunda classificada!) e seguiu um ritmo muito forte até cortar a meta isolada com a marca de 2.21.52, gastando na primeira metade da prova 1:12.33 e na segunda metade 1:09.19!
Edna, é treinada pelo seu marido, com quem teve dois filhos (Carlos de 11 anos e Wendy de 7 anos) e viria a adoptar mais três (dois deles, sobrinhos, adoptados após a mrte da irmã Alice, por cancro), e é a segunda queniana bi-campeã mundial de maratona (depois de Catherine Ndereba).
Depois de Chelimo, atleta do Barhein, nascida no Quénia, chegou a norte-americana Jordan Hasay, também integrante do grupo de Alberto Salazar (companheira de treino de Galen Rupp), que cortou a meta em 2.23.00, alcandorando-se ao quarto lugar de sempre entre as norte-americanas, sendo a melhor do seu país de sempre em Boston. Logos após ela chegou a sua compatriota Desiree Linden (Davila, sobrenome de nascimento), que fora sétima nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

(a tentativa dos juízes de afastarem Katherine Switzer da prova)


Outras notas de Boston

Uma prova mais do que centenária tem muitas histórias para contar, sendo a última, precisamente a do atentado terrorista em 2013, quando duas bombas feitas com panelas de pressão explodiram durante a prova, o que causou a morte de três pessoas e feriu outras 264. As bombas explodiram com uma diferença de cerca de 12 segundos e estavam a 190 metros de distância uma da outra, perto da linha de chegada, na Boylston Street. Os irmãos chechenos Dzhokhar Tsarnaev e Tamerlan Tsarnaev foram identificados pelo FBI como os responsáveis pelo atentado.
Contudo, uma das primeiras grandes histórias em Boston tem a ver com a participação feminina. A prova era proibida a mulheres, e em 1966 houve uma mulher que correu, sem dorsal, a prova: “Bobbi” Gibb. A sua inscrição tinha sido autorizada porque pensavam que Bobbi era um homem. Mas Gibb chamava-se Roberta e Bobbi era o seu diminutivo. No ano seguinte, Bobbi voltou a correr (no grupo dos “bandidos”, atletas que não pagavam a inscrição, mas que partiam depois de todos os outros, uma prática que durou até 2014!) e foi de novo a melhor mulher (e repetiu em 1968!), mas ficou ofuscada pelo mediatismo que outra mulher tomou em Boston. Inscrevendo-se como K. V. Switzer, Katherine Switzer, foi a primeira mulher a correr com dorsal e a acabar a prova, tendo tido o seu namorado e outros corredores como “guarda-costas”, que impediram os oficiais da prova de a retirarem do percurso, momentos captados em fotos que correram o Mundo.
50 anos depois desta aventura, Katherine Switzer, de 70 anos de idade, voltou a correr em Boston e terminou em 4.46,06 horas!
Em 1996, os dirigentes do Boston Athletics Association (clube com 130 anos de existência!) decidiram reconhecer os feitos de Bobbi Gibbs e de todas as mulheres que correram a prova não oficialmente até 1972, altura em que passou a registar-se a competição feminina.
Refira-se, entretanto, que em 2015, 46 por cento dos inscritos na maratona eram mulheres!
E, já agora, para terminar esta área no feminino, refira-se também que Rosa Mota ali venceu em três ocasiões, sendo a segunda atleta estrangeira que mais vezes venceu em Boston (1987, 1988 e 1990) a seguir à queniana Catherine Ndereba!
Entretanto, Bennett "Ben" Beach, de 67 anos, conseguiu ser o atleta que mais anos correu consecutivamente em Boston, ao fechar a sua 50ª participação em 05:07:08 horas!

Principais resultados:
Masculinos
1 Geoffrey Kirui (QUE)   2:09.37
2 Galen Rupp (EUA)           2:09.58
3 Suguru Osako (JAP)   2:10.28
4 Shadrack Biwott (EUA)   2:12.08
5 Wilson Chebet (QUE)   2:12.35
6 Abdi Abdirahman (EUA)  2:12.45
7 Augustus Maiyo (EUA)   2:13.16
8 Dino Sefir (ETI)           2:14.26
9 Luke Puskedra (EUA)   2:14.45
10 Jared Ward (EUA)           2:15.28
Femininos
1 Edna Kiplagat (QUE)    2:21.52
2 Rose Chelimo (BRN)    2:22.51
3 Jordan Hasay (EUA)    2:23.00
4 Desiree Linden (EUA)    2:25.06
5 Gladys Cherono (QUE)    2:27.20
6 Valentine Kipketer (QUE) 2:29.35
7 Buzunesh Deba (ETI)    2:30.58
8 Brigid Kosgei (QUE)    2:31.48
9 Diane Nukuri (BDI)    2:32.24
10 Ruti Aga (ETI)            2:33.26

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